terça-feira, 30 de abril de 2013

POEMA PATRICIA PINA

PATRICIA PINNA

O gosto de evocar mulheres me domina
A minha já vasta poesia denota a faceta
É assim que pensei abordar Patrícia Pinna
Imaginar e escrever um poema nominal
Entrevistar, um gosto que também me anima
A diferença apenas estará nas questões
Porém a abordagem me fascina
Há bons e maus entrevistados
O que não acontece em poesia, menos com Patrícia Pinna
Para dedicar um poema necessito
Sentir o gosto da estima
Senti na mulher Patrícia
Uma flor que desabrochada se ilumina
Uma interessante mulher, uma bonita mãe
Mulher cuja simpatia é como de diamantes mina
Sua atraente sensualidade, não é casualidade
Terá quem bem a estima e amima
Como convém no seio de um par de bem
Patrícia poetisa, escreve fluentemente em rima
Seus comentários são reluzentes
O mesmo quer dizer, estar acima
Sua prosa fluente também fascina
Dela se poderá dizer como de um natural de Lisboa
Carioca de gema, ali nasceu e viveu menina
Por perto do Rio de Janeiro ficou
Na cidade de Itaborai menos sibilina
A mulher que não usa, nem adere a preconceitos
Atraente e determinada, música moderna brasileira a determina
Como do signo touro que é, na cor vermelha faz fé
Em casa a poesia domina
Jamais irei esquecer as qualidades da flor que enfeita o canteiro
As de Patrícia Pinna!...

Daniel Costa

POEMA PALAVRA SAUDADE

A PALAVRA SAUDADE
 
Nasceu com a portugalidade
A sétima palavra de mais difícil tradução
A palavra saudade
Sucedeu-lhe a nostalgia, sentida no País irmão
Logo na gesta dos descobrimentos, uma verdade
Que com a Língua, para a Brasil , foi com a emigração
A palavra saudade
Do rectângulo Atlântico, a palavra se estende à Galiza então!
Se para lá do rio Minho se estende de verdade
Que até ao tratado de Tui, apenas era da Espanha ilusão?
A palavra saudade
Das mornas de Cabo Verde, outra versão
No cantar de Cesária Évora, eterna verdade, sodade
Em Portugal no fado está a máxima expressão
A palavra saudade
No samba, na bossa nova, no Brasil no violão
Pelos cinco continentes, está a grande verdade
Diáspora de fraternidade e solidão
Expressam a palavra saudade
Amor e nostalgia em comunhão
Como escreveu, descrevendo a saudade
O genial artista, de Lisboa, João Villaret
Em tornée no Rio De Janeiro, criou com vivacidade
No Brasil cantou o grande Francisco José
A palavra saudade
Vestida de “Recado a Lisboa” e olé
Em Lisboa para toda sociedade com seriedade
Recriou, declamou, imortalizou o autor com fé
“Recado a Lisboa”, ode à saudade
Acto de mundial de fidelidade que é
Daniel Costa

quinta-feira, 25 de abril de 2013

POEMA DOGMAS E MILAGRES




                              


DOGMAS E MILAGRES

Dogmas servem para escamotear verdades
Milagres senhores deuses
Servem para encobrir realidades
Foram imaginados e pensados
Por mentes incapazes, mas audazes
Senão reparemos: em séculos de sevícias
De muitos que se prestam a ser sequazes
Para a dita santa madre igreja apoiar a gestão
Desse estratagema funesto
Conhecido por inquisição
De que resultou seres, só porque foram inteligentes
Queimados em fogueiras de atroz combustão
Dogmas e milagres
O poeta interroga-se, procura verdade e então?
Qualquer ser, minimamente inteligente, deve questionar-se
Procurando verdades, até à exaustão
Dogmas e milagres
Senhores deuses, dos homens criação
Homens desonestos sem solidariedade
Desonestidade para com o ser irmão
Religiões a gosto, de feição
Homens a mandar propagandear
A mandar cobrar imposto como de fossem donos da uma nação
Inventam mandar criar milagres
Assalariados próprios, para serem alienados de representação
Quando terminam dá-se a “milagrosa” cura
Coube-me o ensejo de ver um aparatoso vilão
Havia sido recomendada um visita aquele “dr.”
Que medicina nada sabia, exibia a cruz de Cristo, o safado – no salão
Se algo de medicina entendesse, intuiria que se tratava de epilepsia
Quem sofria da patologia é do negativismo a máxima expressão
Dogmas são apenas normas para lorpas
Milagres apenas por nossa força de vontade acontecerão
Jamais por dogma ou decretos,
Não vamos ter em conta deuses em vão

Daniel Costa

POEMA REDES

POEMA REDES

Certo dia, numa conversa informal
Tive a dita, a primazia
De trocar impressões com Severa Cabral
Daí nasceu grande sonho: um certo dia!
Parecia-me deveras real!
Sonho de ilusão e fantasia?
Na sombra, presa a dois pinheiros de um pinhal
Uma rede me embalava, o chilrear dos pássaros ouvia
De repente, o sonho pareceu-me divinal
O pensamento voou, porque aconteceria?
Parava numa praia, onde se avistava um coqueiral
Pareceu junto à cidade de João Pessoa, seria?
Onde mora Severa Cabral
Sem deixar de embalar-me na rede, o coração
Sentia uma bonita índia, da época medieval
Depois pareceu que entoava uma oração
A índia se apresentava fraternal
Ora de traje de variegadas cores, ora do verde da sua Nação
Que visão divinal, uma índia transformada em Severa Cabral
Que sonho de movimento e emoção!
Se o torpor do sonho fosse tornado real?
Seria o baloiçar da rede, a preconizar a realização?
Ao acordar, não teria sonhado alto, prevalecia o bom astral
Estaria petrificado de comoção
Seria mesmo a médium sideral?
A contemplar-me com o sonho, de razão ou de alienação?
Era por certo, um sonho emocional
Onde esteve a nordestina escritora,
A versátil, a mulher interessante, Severa Cabral

Daniel Costa

quarta-feira, 24 de abril de 2013

POEMA LENDA DE OLHÃO

LENDA DE OLHÃO

Em tempos que lá vão
Em que os moiros dominaram
Governaram também a nação
Da Ibéria, onde se situa Portugal
Dele faz parte a cidade de Olhão
Do Algarve reconquistado
Dali viria a interessante revelação
Nas apressadas fugas
Segundo lendas várias em Olhão
Ficaram encantadas donzelas
Mitos de paixão
Uma das lendas, de que falo
Tem bela, sem senão
O seu encantamento perdura
Em Olhão da Restauração
O velho moiro, que adorava Alá
Ao jovem apaixonado prometeu boa relação
Se este conseguisse desviar o riacho para a sua quinta
Seria uma inacessível, mas ocasião!
Porém, o jovem muito apaixonado conseguiu
O velho e sabido moiro a escutar sem fazer serão
A certa altura, nem Alá lhe valeu
A água jorrava em profusão
O mancebo de novo acompanhado de alaúde
À sua amada, em serenata, entoava a sua canção
Ao ouvido do experiente velho chegara o trinar
Pelo timbre de voz lhe pareceu ser do mancebão
Ora o canalha venceu a imponderável condição!...
Antes matá-lo que da minha amada filha lhe dar a mão
Passarei a desfrutar de água
Ficarei com a filha, no castelo, na mansão
Por Alá, assim aconteceu!
Na quinta de Marim, em Olhão
A donzela para sempre, ficou alma penada
Expulsos os moiros, do rincão
Em certas noites de tempestade
Ao bater doze baladas, perto de Olhão
Toda vestida de branco aparece a bonita donzela
De mão dada ao eleito seu noivo, segundo a tradição
Em serenata, em balada, por especial deferência de Alá
Segundo uma das lendas da cidade de Olhão

Daniel Costa

terça-feira, 23 de abril de 2013

POEMA MISCIGENAÇÃO

MISCIGENAÇÃO

Miscigenação
Viajei pelo nordeste
Do brasileiro sertão
No clima agreste
Visitei o Maranhão
Piauí, Paraíba celeste
Ceará, do polígono da seca, do eterno Verão
Rio Grande do Norte, teste
Miscigenação
No folclore investe
A nordestina Nação
Saltei a outro agreste
Do mundo pulmão
Interior da amazónica
Me imaginei irmão
De índios, africanos e portugueses
Com o seu concubinato de ocasião
De Portugal ficou a marca
Do pecado isenção
Desci de novo ao litoral
Variegados apelidos em menção
Os… bem portugueses Alves
Campos, Cabral, porque não
Costa e até o menos vulgar Cordeiro
Dias, Salazar, então?
Bandeira, Freitas, Almeida
Que passaram de geração em geração
Míticas rochas, encontrei
Festejava-se o S. João
Em límpidas águas mergulhei
Miscigenação
A cultura ancestral, dos índios, imaginei
Miscigenação

Daniel Costa

POEMA PRIMAVERA DA VIDA

PRIMAVERA DA VIDA

A vida deverá ser quimera
Como esta ser parte da mitologia
Vivamo-la como uma Primavera
Vida de silencio e luta, como se decorresse na abadia
Com o coração em efervescência sincera
Sentir sempre alegria
Que a vida seja harmoniosa Primavera
Se amarmos o próximo surgirão flores
Basta torná-la vera
Para surgirem amores
Primavera da vida ou vida de Primavera
Repleta de luta e louvores
Devemos estar a par da felicidade, que nos espera
Que sempre sonhemos com alvores
Nas madrugadas, em toda a idade
Nunca será tarde para viver amores
Amores em qualquer cidade
Viver eternamente com os fulgores
Com os fulgores da mocidade
Primavera da vida, com amores
Amores a ditarem felicidade
Talvez de Deus favores
Devemos escutá-los de verdade
Como louvores
Louvores da cristandade
Primavera de amores
Primavera da vida, em permanente mocidade
Primavera da vida, deuses senhores!
Sempre se renova sem depender da idade

Daniel Costa

POEMA OS INCONTORNÁVEIS

OS INCONTORNÁVEIS

O mundo é composto de vulneráveis
Quem admite?
Se grande parte se diz incontornáveis!
Um pensamento, um palpite
Trilharão caminhos de insaciáveis
Como se protagonizassem mundos de rivais
Degladiam-se os ditos incontornáveis
Como se fossem anormais
Como se jamais pudessem ser destronáveis
Como a cigarra, entoam madrigais
No mundo sempre houve veneráveis
Desses Camões disse: geniais!
Incontornáveis
Se no mundo precisam se de bater com rivais?
Porque não se consideram insaciáveis?
E o poeta como génio foi olha dos pedestais
Os verdadeiros incontornáveis
Figuram nos manuais
Não feneceram em jeito de simples infiéis
Talvez em tranquilidades termais
As suas posturas, essas sim, foram incontornáveis

Daniel Costa




domingo, 21 de abril de 2013

POEMA VAGUEI

   


VAGUEI

Quis saber quem um dia serei
A sonhar, a meditar
Vaguei
Sonho meu vem-me animar
Sempre o fizeste, eu sei
A branda loucura sempre andou a sonhar
O que fui, jamais inventei
Continuo a amar
Vaguei
O que sou, amava sublimar
Como nunca se será perfeito meditei
Na forma de melhor navegar
Vaguei
Por vielas e calçadas deste revolto mar
Para encontrar a íntima paz meditei
Como é bom um giro para serenar
Novas caminhadas matinais, encetarei
Para a paz sufragar
Perambularei
Com o gosto a me animar
Vaguei

Daniel Costa


sexta-feira, 12 de abril de 2013

POEMA VACUIDADES

 
VACUIDADES

Descortinamo-las em todas as sociedades
Devemos bani-las do imaginário
Despir-nos de vacuidades
Deste mundo que devia ser mais societário
Onde existem verbosidades
A esconder algo vário
É como querer esconder, com peneira, realidades
Querer ser sectário
Lutemos por desnudar vaidades
Nada de estar preso ao seu mundo precário
Serão muitos a querer fazer passar seriedades
Lutemos por mundo onde a verdade se torne fadário
Se excluam inverdades
O amor humanitário se torne lendário
Onde apenas tenham lugar amizades
Que a palavra inveja deixe de ter lugar no dicionário
Lutemos e amemos com todas as potencialidades
Por um mundo só e apenas vero, seja revolucionário
Onde se acabem de vez vaidades
Estas só terão lugar num muno imaginário
De uma vez, por todas lutemos para acabar com vacuidades
Que também será mal sanguinário
Vacuidades!...

Daniel Costa

POEMA PRMESSA DE AMOR



PROMESSA DE AMOR



Promessa de amor
Pode sentir-se com emoção
Como um penhor
Quantas vezes ilusão?
Depois de passado o fervor
Restará o desamor de um furação
Promessa de amor
Na rota, na senda da união
Será como um louvor
A ser tratada com meticulosa atenção
A vida assim tem mais calor
Corações a saber amar na perfeição
Suavidade e pundonor
Dois corações configurarão
Promessa de amor
Que firme manterão
Num perfeito louvor
Numa bonita convicção
A fazer desabrochar a flor
O florir duma vasta união
Promessa de amor
Formosura de eleição
Promessa de amor
A que Deus dará sua bênção

Daniel Costa

domingo, 7 de abril de 2013

DIA INTERNACIONAL DA MULHER






 
DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Oito de Março não é um dia qualquer
É como um dia de flores, rosas fazem sentido
DIA INTERNACIONAL DA MULHER
O dia começou a ter lugar no passado século
Evocando flores, esses amores que embelezam
Compõem qualquer séquito
Como as crónicas rezam
Primeiro nas Rússias, como banalidade política
Num século em que as guerras frias se revezam
Em que as mulheres do Novo Mundo da analítica
Lutam pelos seus direitos de igualdade
Deram lugar ao que designamos por feminismo
Nos dias de hoje todos havemos de dar as mãos
Que acabe a necessidade de focos de lirismo
Como poeta que gosta de evocar mulheres
Gosta de sentir as mulheres como bonitas flores
A mente deambula, mais pelo mundo Lusíada
Em todas as mulheres encontro uns amores
Porém elejo a mulher nordestina
A que mais encontro a lutar, em actividades sem pudores
Actividades sociais que bem domina
Coordena bem com ou sem louvores
Com o papel de mulher amante de estima
Mulher mãe desvelada com seus amores
Mulher trabalhadora, sempre lutadora
A mulher criadora a adorar flores
Mulher, quando necessário, sofredora
Simplesmente mulher
Mulher ternamente sedutora
Com se quer, uma mulher!...
Sempre todos os dias intimamente o serão:
DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Daniel Costa

terça-feira, 2 de abril de 2013

POEMA LEALDADE


LEALDADE

Falta de seriedade
Embrulhada em mistificação
Personifica deslealdade
É duro e ledo engano
Não sendo rara a sinceridade
Deve merecer atenção
Temos de sentir límpida verdade
Na longa caminhada
Poderemos ter de tratar com a insanidade
Encontraremos bastantes factores
Que poderão não configurar maldade
Pela insanidade de mistificação
Tábua rasa da lealdade
Serão muitos os que a usarão
Em variados sofismas de maldade
No amor, a verdade deve ser eficaz
Ser facto a lealdade
Será sempre feliz recordação, ainda que fugaz
Enquanto durar trará felicidade
Logo depois, a mente ficará mais sagaz
Para discernir a verdade
Excluir ilusão, aparentando ser eficaz
Se mais uma vez se verificar insanidade
Deve desejar-se ser capaz
De conviver apenas na pura humanidade
Deuses!... Temos de merecer o diamante
A safira da lealdade
Terno amor não fugaz
Lapidado da mais fina lealdade

Daniel Costa


POEMA ORA FAVAS


ORA FAVAS!

“No tempo da fava
a mãe não faz nada
no tempo da ervilha
nem a mãe nem a filha”

Vai á fava, vai à malva
O aforismo fazia sentido
No século passado, vai à fava!
Na Primavera era de menu diário
Se descascavam e a mãe as cozinhava
Saca cheia, saca vazia
Em grande extensão se criava
Diariamente grande taxada se cozia
Com chicharro seco, regadas a azeite
Era deleite, se comia
Comida de plebeu
Manjar de rico parecia
O faval todos dias ficava devastado
Ao outro dia
Aparecia renovado
Saca cheia, saca vazia
Ficavam sobras, para secar no eirado
Aconteceu num belo dia
Da mãe era acompanhado
Teria nove anos apenas, cegar as costaneiras
Me divertia, naquele dia a parecer aziago
A foice uma canela perfurou
As costaneiras para cozer o pão serviam
O sangue jorrou
Tranquila a mãe não se desmanchou
Com um pedaço de casca da seca fava o estancou
Fixando ali o pedaço da casca
Que só caiu quando o buraco sarou
Terminou aí a saga
Verdade seja dita
Aprender quando se vai à fava!

Daniel Costa

POEMA A PITONISA



A PITONISA

Longe talvez de ser à guisa
Na imaginação voei no tempo
Regredi ao da pitonisa
A do oráculo de Delfos
De quem falaram antigos sábios e escritores
Como Platão, Heródoto, Plutarco, Xenófonte
Não mencionando outros grandes senhores
De quem se bebe cultura como água numa fonte
Era visitada, por quem a cumulava de louvores
Que ela me cicerone para que conte!
No seu santuário e oráculo
Era muito amada por visionar largo horizonte
Sempre consultada sem qualquer obstáculo
Seria como que a deusa da saberia
Também ela viajou no tempo vernáculo
Terá acontecido um dia
Terá viajado até à praia da Aldeia do Meco
Nas suas arribas de argila, mexia
Dali avistava a grande extensão de areal, de praia
O vento nem bulia
Num coração desenhado na areia reparou de atalaia
Tinha letras, cujos caracteres lia
… Continua no ar, teria sonhado a catraia?
Então olhou para outro lado
De repente passou a avistar já outra praia
Parecia, uma melodia, um fado
A argila, além da falésia, na praia vislumbrava
Não somente o coração estava grafado
Coisas da pitonisa bem fadada!
Oh imaginação de loucura!
A pitonisa no tempo e no espaço viajara

Daniel Costa