quinta-feira, 13 de outubro de 2011

POEMA FALECEU A GLÓRIA


FALECEU A GLÓRIA

Foi em sete de Fevereiro o nascimento
Dia de mil novecentos e quarenta e cinco
Como foi a dia não recordo, apenas o envolvimento
Do acto, da loja da Tilde e do açúcar
Ficou ali sede de mais uma senha de racionamento
Dos que a Grande Guerra ocasionara
O único que havia no momento
O quarto rebento teve registo imediato
O necessário para ter direito à senha
Que para o agregado era um preciso acto
A senhora que era então bebé faleceu
Em dezasseis de Setembro foi facto
De dois mil e dez feneceu
Triste lance dos que a vida sempre reserva
Um momento triste que condoeu
Fui recordando no que a memória me preserva
Ali na, na cidade de Peniche, aldeia da Bufarda
Sentado junto a igreja da terra
Da Senhora do Rosário, de grande religiosidade
Na extensa Rua, hoje do mesmo nome
Rememorei actos dessa tenra idade
Aquela Rua então térrea
Está alcatroada como a de uma cidade
Onde circulavam carros de bois
Rebanhos de caprinos de verdade
Os campestres e humanos assobios
Eram um louvor à campesina felicidade
De repente do torpor acordei
Tinha percorrido já toda a Rua que dá ao Casal Maio
Tinha-se finado a irmã Glória, ali ficou, eu sei
Um infausto acto que vivi
Jamais esquecerei

Daniel Costa

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