quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

POEMA TERRA À VISTA

NIASSA - foto adquirida a bordo

VERA CRUZ - foto adquirida a bordo

 

TERRA À VISTA

Não viajava procurando conquista
Foram viagens de mobilização militar
 Viagens em que gritei – terra à vista
Essas viagens nada tiveram de salutar
A primeira em Luanda
Em uníssono a gritar
Foi como no meio de um pesadelo
Era madrugada, estava-se a Luanda chegar
A velha carcaça, o misto barco Niassa ardia
O momentoso incidente acontecia ainda no alto mar
Reuniu-se muita gente
A ver garbosos marinheiros, o fogo apagar
Aconteceu em, mil novecentos e sessenta e dois
Os mesmos batalhões regressaram
Vinte e sete meses depois
Todos a esse fim não se guindaram
A guerrilha os tragou, era de prever pois
Em mil novecentos e sessenta e quatro
No paquete Vera Cruz
Muitos ainda, muitos tentado afastar o sonho do mato
À terra de Lisboa chegaram
Terra à vista… terra à vista… terra à vista!...
De novo, em uníssono gritaram
Nenhuma conquista
Porém havia uma razão:
Terra à vista
Respectivamente, doze e onze dias a flutuar
Duas vezes passar a linha do equador
Ver peixes a voar
Nas amuradas a meditar, entre conversas, sobre o futuro
Nenhuma terra, apenas alto mar
Bastante tempo
Apenas o longo mar avistar
Recordações que um deus menor
Deu a faculdade de ainda recordar
Em pesadelo ao apelo
Terra à vista gritar

Daniel Costa

1 comentário:

  1. Versou sobre a história com a mesma categoria com a qual fala de amor. Bjs.

    ResponderEliminar